Todos iguais, todos diferentes, todos indivíduos em um mar
sem fim de indivíduos, todos pensam, todos concluem, todos, todos, ninguém,
alguém. Se definir quem somos fosse fácil, talvez compreendêssemos mais das
atitudes tomadas pelos seres. Eu, eu, eu e eu, cada eu diferente, cada eu mais
fundo, mais escondido, eu que eu acho que é o meu eu, o eu que as pessoas acham
que é o meu eu, o eu que eu sei que é o meu eu, mas prefiro não acreditar, o eu
dos momentos ruins que revelam as piores facetas da humanidade, eu e eu, todos eu, todos partes do mesmo ser,
mas diferentes.
Os seres humanos se
confundem em sua vastidão de pensamentos, talvez pelo fato de em um momento pensar
algo e em outro momento algo totalmente diferente, pelo fato de serem
paradoxais, ou talvez pelo fato de que eles escolhem o que pensar, ou talvez
pelo fato de que os seres humanos, que são só humanos, acreditam que cada
humano pensa uma diferente coisa, que cada humano sente uma coisa
diferente. Dor, desespero, felicidade,
satisfação, todos sentem, mas ainda acham que o que sentem é diferente, mas
julgar para o ser humano é fácil, falar dos outros como seres humanos, parece
grosseiro, parece excluir a si mesmo, mas todos fazem o mesmo, e dentro de
todos existem vários outros, um oceano infinito de outros e outros.
Todos chegam ao ponto
de perguntar: Quem eu sou? E é neste momento que tudo desanda, por que é
relativo, há pessoas que se declaram feliz, simpáticas, mas por dentro são amargas e nada gentis, pessoas
que dizem gostar da solidão, mas simplesmente não conseguem viver sem a
companhia do próximo, pessoas que acham-se as melhores do mundo, mas que por
dentro, ou até mesmo por fora, são só
mais simples pessoas iguais todas outras, esse é o detalhe da vida, as pessoas
acham que são, elas não são. Elas, nós encobrem-se em suas diversas fachadas e
pensamentos, talvez não coesos, talvez simplesmente rasos, talvez mais profundos, talvez obscuro, e
tecem uma trama que quanto mais se entra, mais se enrola, e já não existe mais
uma fachada para cada eu, existe-se varias fachadas entremeadas, misturadas,
enroladas, confusas, mal trabalhadas, em um único eu, e as pessoas ainda acham
e continuam achando, e acham que o que acham que são é o que são.
Todas são pessoas,
todas se declaram, acham-se, veem-se, pesam em si, como diferentes, mas se
todas acham que são algo então onde está a diferença? Todos somos nós, deixamos
de ser eu, no momento em que manipulamos e forjamos nosso próprio ser, e é
impossível mudar, mesmo sendo o que achamos ainda somos e seremos mais do que
achamos, talvez achar-se e ser um dia ande fielmente de mãos dadas, talvez
achar-se e ser deixe de ser uma relação
de conflito dentro de nós mesmos.
Obs: Texto da Ângela, não meu.